2 de setembro de 2011

FIGHT BACK!
Nós, os que achamos que a Cultura é a primeira das armas para vencer as crises, deveríamos parar de nos pôr de cócoras a esta maioria liberal que nos empurra de novo para os lugares secundários da hierarquia comunitária. Em vez de aceitarmos este neobullying de cabeça baixa, deveríamos levantar a voz. Para lembrar que foram outros que pensavam como nós, que arrancaram os líderes,  bezerrões, das cavernas e das trevas, ao longo da História. Tivesse o mundo prescindido das ideias dos que pensam à frente e ainda andaríamos todos a queimar bostas de mamute para aquecimento. Parem de nos colocar no fim dos jornais, no fim dos orçamentos de Estado, no fim da fila dos tipos a escutar. Por alguma razão os neandertais se extinguiram, meus amigos...

31 de agosto de 2011

"Uma voz chama Beatriz do portão: “Vizinha!”. Ela levanta a cabeça, o corpo soerguido. Os olhos desconfiados. A tarde tinha começado a descer e os socalcos no chão da quinta tornam-se traiçoeiros. “Vizinha!”, chamam de novo. É preciso que Beatriz dali corra. É preciso que Beatriz dali fuja. Para onde não seja avistada. Para um sítio onde possa  existir sem que ruídos daninhos a perturbem e a impeçam de fazer o que deve ser feito. Beatriz quer fugir para esperar.
Uma mancha branca atravessa-se-lhe diante e Beatriz enreda-se no peso dos seus próprios pés. Leva muito tempo a cair, a mulher que ainda há pouco parecia de ferro debruçada sobre as ervas. Leva uma vida a cair. Tem tempo de ver os muros da quinta que sobem, decorados a rosas de toucar e arbustos silvestres, os gatos que se afastam do seu corpo, o escuro da terra que alastra e até a forma das pequenas pedras onde magoará as mãos e o rosto. Para tudo têm tempo os velhos. Por causa da morte que é certa e por isso não corre. A velhice é um posto privilegiado de espera.
Beatriz cai na terra por regar. Os gatos em forma de nuvem cruzam-se sobre o seu peito."

in O ANIMAL DE GELO 

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30 de agosto de 2011

BACK TO BUSINESS

Durante o último ano, ou mais, o Facebook comeu-me o tempo disponível para publicar o que me ia parecendo do mundo.
Começo agora uma nova fase da minha vida, num certo sentido. Por isso, nada melhor do que ir atrás, para assentar os pés e seguir em frente.
O Prazer_Inculto volta a bombar, com ligação ao Facebook... assim que descobrir como se faz.
Bem-vindo, a mim mesmo, que todos os dias são novos.

28 de março de 2010

QUEIJOS DE BORBA
... ou melhor, de Rio de Moínhos. Uma deliciosa mistura de cabra e ovelha, unida pelo cardo. Já tinha comido um, no restaurante Aqueduto em Évora, deus os abençoe pela sugestão, e agora outro, encontrado por acaso. Há encontros maravilhosos, este é um deles. Em Lisboa podem ser encontrados na zona dos quiosques regionais, por baixo da Estação do Oriente.

14 de fevereiro de 2010

FILMES
um após outro no leitor de dvds que pede misericórdia. "Só mais um, peço-lhe" e ele resmunga e lá arranca. Estamos à pesca e o ecrã é a minha rede. Pesca nocturna, uma luz fraca na borda do barco. De vez em quanto dá vem um... geralmente coisa miúda. As surpresas custam. É assim. Programar festivais dá um bocado mais de trabalho do que pode parecer...

12 de fevereiro de 2010

FREEDOM
Haverá um tempo para a liberdade de dizer o que realmente se pensa, de fazer o que realmente se quer, de ser o que realmente se é. Temos sorte, nós os que sincronizamos parcialmente com a era que nos calhou. Quase que somos a nossa plenitude. Quase. Outros não tiveram tanta sorte. Mulheres que não puderam pensar, homens que não puderam criar, governantes que não puderam ser justos.
Todos os dias são oportunidades para reflectirmos sobre a nossa breve existência. Esse período que medeia entre duas noites. E o que fazemos com o longo dia e com as suas numerosas estações. Há quem agarre a oferta.
Outros preferem guinchar como ratos enquanto aguardam o anúncio do seu último instante. Que virá. Oh, sim, virá. E mesmo aí, ainda irão lamuriar: "Eu? Já? Mas se mal comecei a viver..."
Oh, haverá um tempo para ser livre, mas todos os dias me levantarei como se fosse hoje. Agora.

9 de janeiro de 2010

BULLYING

Os abusadores dos meus tempos de escola e que agora devem ser uns "cidadãos de pleno direito" devem andar desgostosos do país. Primeiro, proibiram-lhes que fumassem em todo o lado, depois que batessem nas mulheres, agora até já nem podem contar com as piadas à custa dos "paneleiros".  Não deve estar fácil passar aos seus filhos os verdadeiros valores nacionais...